Festa de Santa Teresinha do Menino
dia 1º de outubro no Carmelo
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O Celebrante, Monsenhor João Luiz Fávero, Administrador Arquidiocesano de Campinas |
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Alguns Membros da OCDS segurando as rosas para serem abençoadas pelo Presidente da Celebração. |
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Ana Alice distribuindo as rosas para os presentes. |
Catequese do Papa na audiência da quarta-feira, 6 de abril de 2011.
Queridos irmãos e irmãs:
Hoje eu gostaria de vos falar de Santa Teresa de Lisieux, Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, que viveu neste mundo apenas 24 anos, no final do século XIX, levando uma vida simples e oculta, mas que depois de sua morte e da publicação dos seus escritos, tornou-se uma das santas mais conhecidas e amadas. A "pequena Teresa" não deixou de ajudar as almas mais simples, os pequenos, os pobre, os que sofrem e os que rezam a ela, mas também iluminou toda a Igreja, com sua profunda doutrina espiritual, tanto assim que o Venerável João Paulo II, em 1997, quis dar-lhe o título de Doutora da Igreja, acrescentando o título de Padroeira das Missões, dado por Pio XI, em 1939. Meu querido predecessor a definiu como uma "especialista na ‘scientia amoris'" (‘Novo Millennio ineunte', 27). Esta ciência, que vê brilhar no amor toda a verdade da fé, Teresa a expressa principalmente no relato da sua vida, publicado um ano após a sua morte com o título de "História de uma alma". É um livro que foi de imediato um enorme sucesso; foi traduzido para muitas línguas e distribuído em todo o mundo. Eu gostaria de convidar-vos a redescobrir este pequeno-grande tesouro, este luminoso comentário do Evangelho plenamente vivido! "História de uma alma", de fato, é uma maravilhosa história de amor, contada com tal autenticidade, simplicidade e frescor, que o leitor não pode deixar de ficar fascinado! No entanto, qual é esse amor que preencheu a vida de Teresa, desde a infância até sua morte? Queridos amigos, este amor tem um rosto, tem um nome, é Jesus! A santa fala continuamente de Jesus. Percorramos, então, as grandes etapas de sua vida, para entrar no coração de sua doutrina.
Teresa nasceu em 2 de janeiro de 1873, em Alençon, uma cidade da Normandia, na França. Foi a última filha de Louis e Zelie Martin, esposos e pais exemplares, beatificado os dois em 19 de outubro de 2008. Eles tiveram 9 filhos, dos quais 4 morreram na infância. Restaram 5 filhas, que se tornaram todas religiosas. Teresa, aos 4 anos, foi profundamente afetada pela morte de sua mãe (Ms A, 13r). O pai, com as filhas, mudou-se então para a cidade de Lisieux, onde se desenvolveu toda a vida da santa. Mais tarde, Teresa, sofrendo uma doença nervosa grave, curou-se devido a uma graça divina, que ela definiu como "o sorriso de Nossa Senhora" (ibid., 29v-30v). Recebeu a Primeira Comunhão, vivida intensamente (ibid., 35r), e colocou Jesus Eucaristia no centro da sua existência.
A "Graça do Natal" de 1886 marcou o ponto de inflexão, o que ela chamou de "conversão completa" (ibid., 44v-45r). De fato, ela se curou totalmente de sua hipersensibilidade infantil e iniciou um "caminho de gigante". Na idade de 14 anos, Teresa aproximou-se cada vez mais, com muita fé, de Jesus Crucificado, e levou muito a sério o caso, aparentemente desesperado, de um criminoso condenado à morte e impenitente (ibid., 45v-46v). "Eu queria a todo custo evitar que ele fosse para o inferno", escreveu a santa, com a certeza de que a sua oração o teria colocado em contato com o sangue redentor de Jesus. É sua primeira e fundamental experiência da maternidade espiritual: "Tão confiante estava na infinita misericórdia de Jesus", escreveu. Com Maria Santíssima, a jovem Teresa ama, crê e espera, com "um coração de mãe" (cf. PR 6/10r).
Em novembro de 1887, Teresa vai em peregrinação a Roma, com seu pai e sua irmã Celina (ibid., 55v-67r). Para ela, o momento culminante foi a audiência do Papa Leão XIII, a quem pede permissão para entrar, com apenas 15 anos, no Carmelo de Lisieux. Um ano depois, seu desejo foi realizado: ela se torna carmelita, para "salvar almas e rezar pelos sacerdotes" (ibid., 69v). Ao mesmo tempo, começou a dolorosa e humilhante doença mental de seu pai. É um grande sofrimento que leva Teresa à contemplação do Rosto de Jesus em sua Paixão (ibid., 71rv).
Assim, seu nome religioso - Irmã Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face - expressa o programa de toda a sua vida, na comunhão com os mistérios centrais da Encarnação e da Redenção. Sua profissão religiosa, na festa da Natividade de Maria, em 8 de setembro de 1890, é para ela um verdadeiro matrimônio espiritual, na "pequenez" do Evangelho, que se caracteriza pelo símbolo da flor: "Que festa bonita a Natividade de Maria para me tornar a esposa de Jesus!", escreve. Era a pequena Virgem Santa de um dia que apresentava sua pequena flor ao Menino Jesus (ibid., 77r). Para Teresa, ser religiosa significa ser esposa de Jesus e mãe das almas (cf. Ms B, 2v). No mesmo dia, a santa escreveu uma frase que mostra a orientação da sua vida: pede a Jesus o dom do seu amor infinito, de ser a menor e, especialmente, pede a salvação de todos os homens: "Que nenhuma alma se condene hoje" (Pr 2). De grande importância é a seu Ato de Oferta ao Amor Misericordioso, feito na Festa da Santíssima Trindade em 1985 (Ms A, 83v-84r; Pr 6): uma oferta que Teresa partilhou com suas irmãs, sendo já auxiliar da mestra de noviças.
Dez anos após a "Graça do Natal", em 1896, chega a "Graça da Páscoa", que abre o último período da vida de Teresa, com o início da sua paixão profundamente unida à Paixão de Jesus; trata-se da Paixão do corpo, com a doença que a levou à morte através de grandes sofrimentos, mas acima de tudo se trata da paixão da alma, com uma muito dolorosa prova de fé (Ms C, 4v-7v). Com Maria, junto à cruz de Jesus, Teresa vive agora a fé mais heroica, como luz nas trevas que invadem a sua alma. A carmelita tem a consciência de viver esta grande prova para a salvação de todos os ateus do mundo moderno, chamados por ela de "irmãos". Ela viveu, então, mais intensamente o amor fraterno (8r-33v): com as irmãs de sua comunidade, com seus irmãos espirituais missionários, com os sacerdotes e com todos os homens, especialmente aqueles mais distantes. Ela se torna uma "irmã universal"! Sua caridade amável e sorridente é a expressão da profunda alegria cujo segredo ela nos revela: "Jesus, minha alegria é amar-te" (P 45/7). Neste contexto de sofrimento, vivendo o maior amor nas menores coisas da vida cotidiana, a santa leva a pleno cumprimento a sua vocação de ser o amor no Coração da Igreja (cf. Ms B, 3v).
Teresa morreu na noite de 30 de setembro de 1897, dizendo as palavras simples: "Meu Deus, eu te amo!", olhando para o crucifixo, que apertava com as mãos. Estas últimas palavras da santa são a chave de todos os seus ensinamentos, da sua interpretação do Evangelho. O ato de amor, expresso em seu último suspiro, era como a respiração contínua da sua alma, como o bater do seu coração. As simples palavras "Jesus, eu te amo" são o centro de todos os seus escritos. O ato de amor a Jesus a introduz na Santíssima Trindade. Ela escreveu: "Ah, tu sabes, divino Jesus, eu te amo,/ o espírito de Amor inflama-me com seu fogo /e, amando-te, eu atraio o Pai" (P 17/2).
Queridos amigos, também nós, com Santa Teresinha do Menino Jesus, podemos repetir cada dia ao Senhor, que queremos viver de amor a Ele e aos outros, aprender na escola do santos a amar de maneira autêntica e total. Teresa é um dos "pequenos" do Evangelho, que são guiados por Deus nas profundezas do seu mistério. Uma guia para todos, especialmente para os que, no povo de Deus, desenvolvem o ministério de teólogos. Com a humildade e a fé, caridade e esperança, Teresa entra continuamente no coração das Sagradas Escrituras, que contêm o mistério de Cristo. E essa leitura da Bíblia, alimentada pela ciência do amor, não se opõe à ciência acadêmica. A ciência dos santos, de fato, da qual ela fala na última página de "História de uma alma", é a ciência mais alta: "Todos os santos a entenderam; em particular, talvez, aqueles que encheram o universo com a irradiação do ensinamento do Evangelho. Não será, talvez, por meio da oração, que os santos Paulo, Agostinho, João da Cruz, Tomás de Aquino, Francisco, Domingos e muitos outros ilustres amigos de Deus obtiveram essa ciência divina que encanta os maiores gênios?" (Ms C, 36r). Inseparável do Evangelho, a Eucaristia é, para Teresa, o sacramento do Amor Divino que desce até o extremo para elevar-nos até Ele. Em sua última carta, a santa escreveu estas simples palavras sobre a imagem que representa o Jesus Menino na Hóstia consagrada: "Não posso temer um Deus que por mim tornou-se tão pequeno! (...) Eu o amo! De fato, Ele é só Amor e Misericórdia!" (LT 266).
No Evangelho, Teresa descobre sobretudo a misericórdia de Jesus, a ponto de dizer: "Ele me deu sua misericórdia infinita; através dela contemplo e adoro a demais perfeições divinas! (...) E então todas me parecem radiantes de amor; a própria justiça (e talvez mais do que qualquer outra), parece-me revestida de amor" (Ms A, 84r). Assim se expressa também nas últimas linhas da "História de uma alma": "Basta folhear o Santo Evangelho e imediatamente respiro o perfume da vida de Jesus e sei para onde correr... Não é ao primeiro lugar, mas ao último que me dirijo... Sim, eu o sinto; inclusive se tivesse sobre a consciência todos os pecados que se podem cometer, iria com o coração partido de arrependimento lançar-me nos braços de Jesus, porque sei o quanto Ele ama o filho pródigo que retorna a Ele" (Ms C, 36v-37r). "Confiança e amor" são, portanto, o ponto final do relato da sua vida, duas palavras que, como faróis, iluminaram todo o seu caminho de santidade, para poder guiar no seu próprio "pequeno caminho de confiança e amor", da infância espiritual (cf. Ms C, 2v-3r; LT 226). Confiança como a da criança que se abandona nas mãos de Deus, inseparável pelo compromisso forte, radical do verdadeiro amor, que é o dom total de si mesmo, para sempre, como diz a santa, contemplando Maria: "Amar é dar tudo, é dar a si mesmo" (P 54/22). Assim, Teresa indica a todos nós que a vida cristã consiste em viver em plenitude a graça do Batismo, no dom total de si ao amor do Pai, para viver como Cristo, no fogo do Espírito Santo, o seu próprio amor aos outros.
[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]
Queridos irmãos e irmãs:
Padroeira das missões e doutora da Igreja, Santa Teresa de Lisieux, apesar da sua vida breve, que terminou em 1897, tornou-se uma das santas mais conhecidas e amadas. Um ano após a sua morte, foi publicada a sua obra autobiográfica, "História de uma alma". Trata-se de uma maravilhosa história de amor que encheu toda a vida Teresa; este amor tem um rosto e um Nome: é Jesus. Recebida a autorização papal, pôde, aos dezesseis anos, entrar no Carmelo de Lisieux, assumindo o nome de Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. Era movida pelo desejo de salvar almas e rezar pelos sacerdotes. Um ano antes da sua morte, iniciou a sua paixão pessoal que viveu em profunda união com a Paixão de Cristo. Tratou-se de uma paixão do corpo, com a doença que acabaria por levá-la à morte, mas, sobretudo, tratou-se de uma paixão na alma com uma dolorosa prova da fé, a qual ofereceu pela salvação de todos os ateus do mundo. Neste contexto de sofrimento, vivendo o maior amor nas pequenas coisas da vida diária, Teresa realizou a sua vocação de ser o Amor no coração da Igreja. De fato, as palavras "Jesus, eu Vos amo" estão no centro de todos os seus escritos, nos quais ressalta o "pequeno caminho de confiança e amor" que ela percorreu e procurou inculcar aos demais.
Queridos peregrinos lusófonos, a todos saúdo e dou as boas-vindas, particularmente, aos portugueses vindos de Espinho e aos brasileiros de Divinópolis. Possa essa peregrinação reforçar o vosso zelo apostólico para fazerdes crescer o amor a Jesus Cristo na própria casa e na sociedade! Que Deus vos abençoe!
OS OUTROS PAPAS:
OS PAPAS DISSERAM DE TERESINHA...
Bento XV
“Desejamos que o segredo de santidade de Irmã Teresa do Menino Jesus não fique escondido para ninguém de nossos filhos” (1921).
Pio XI
“A partir de dentro de sua clausura, hoje Teresa fascina o mundo sob a magia de seu exemplo, exemplo de santidade que o mundo todo pode e deve entrar neste pequeno caminho – caminho de uma simplicidade de ouro, que de infantil é só tem o nome – neste caminho de Infância Espiritual... A pequena Teresa hoje é a... Grande Santa Teresa” (1925).
Cardeal Pacelli (Pio XII)
“... A mais ilustre taumaturga dos tempos modernos...” (23/03/1938).
Angelo Giuseppe Roncalli (João XXIII)
“Jamais cessarei de bendizer e exaltar a Pequena Grande Santa que foi verdadeiramente, e a considero como a estrela propícia de minha missão na França. Está bem ao pé de seu altar, na capela que dedicaram a ela em Ankara, no centro da Turquia, que deixei no Oriente, onde passei vinte anos de ministério apostólico. Cada dia eu olhava sua imagem de mármore que se encontrava na Nunciatura, em minha capela privada; melhor ainda, minha oração se eleva ao seu espírito confiando-lhe minhas dificuldades e meus esforços no ministério da reconciliação e da paz que é minha missão ao serviço da Santa Igreja”.
Paulo VI
“Devem saber que eu fui batizado no ano 1897, no dia que morria Teresa Martin, na França, mais tarde Santa Teresa do Menino Jesus. Nos apontamentos pessoais que Teresa havia escrito antes de sua morte (cf D.E.), figurava o seguinte: Uma vez morta, eu desejaria ter no berço pequenos meninos batizados. Durante sua peregrinação a Roma, Teresa havia encontrado sacerdotes medíocres; em vez de criticá-los, decide se colocar não na periferia, mas no centro, no único amor. E vou ler o que ela escreveu referente a isto na História de uma Alma. Naquele momento, o Papa abre as páginas da História de uma Alma, e ler a seguinte frase: Compreendi que o Amor encerrava a todas as vocações, que era tudo, que o Amor abraçava todas as épocas e todos os lugares. Exclamei: encontrei meu lugar na Igreja. Serei o Amor”.
Albino Luciani (João Paulo I)
“Querida pequena Teresa, eu tinha 17 anos quando lia sua autobiografia. Foi um trovão. Tu havias titulado História primaveril de uma florzinha branca; tua biografia me pareceu como uma história de uma barra de aço, que expressava força de vontade, pela valentia e decisão que revelava. A partir do momento em que tu escolhias o caminho da consagração total a Deus, nada poderia impedir-te: nem a enfermidade, nem as oposições do exterior, nem as turbulências, nem a obscuridade interior”.
João Paulo II